A imaginação do diretor Terry Gilliam encontra o poder estelar de Bruce Willis em uma fantasia apocalíptica

O ambicioso Os 12 Macacos (melhor maneira de definir o filme) de Terry Gilliam foi escrito em coautoria por David Peoples, um dos roteiristas de Blade Runner (1982). A parceria conseguiu conjugar algo inovador. Melhor! Uma identidade.

Neste mundo, tudo está a beira de um colapso, nada lembra o esplendor de uma sociedade. O filme usa seu futuro como plataforma de lançamento para a história central, que se passa em 1990 e 1996. Basicamente sobre um viajante no tempo tentando salvar o mundo de uma praga mortal.

Assistindo algumas entrevestitas da época, encontrei uma definição muito apropriada, claro, foi feita por Terry Gilliam, que classificou Os 12 Macacos como “um filme de arte europeu dentro do sistema de Hollywood”. Sim, algo assim.

O VIAJANTE

Nas cenas iniciais nos deparamos com um punhado de sobreviventes humanos em um abrigo subterrâneo feito de sucata. A beleza está na sujeira! A superfície do planeta agora pertence aos animais, após a morte de 5 mil milhões de pessoas durante uma praga em 1996.

O viajante é Cole (Bruce Willis) é arrancado de sua prisão e enviado em uma expedição na superfície para recolher espécimes e tentar entender a evolução do vírus. Mais tarde, ele é escolhido para uma missão mais crucial: viajará no tempo e reunirá informações sobre o vírus antes que ele sofresse mutação.

O filme não oferece nenhuma esperança de que ele possa “pará-la” antes de começar; do seu ponto de vista, a praga já aconteceu e, portanto, a sociedade futura está buscando tratamento, não prevenção.

Cole chega em 1990, machucado, sangrando e pingando suor e muco por todos os poros. Ele é preso e designado para uma psiquiatra, Dra. Kathryn Railly (Madeleine Stowe), que acredita que ele está delirando quando diz que é um visitante do futuro.

Cole descobre que um paciente mental chamado Jeffrey Goines (Brad Pitt), que conheceu em 1990, é um ativista dos direitos dos animais filho do empresário interpretado por Christopher Plummer, cujo laboratório pode abrigar o vírus mortal. Jeffrey quer libertar o vírus, devolvendo a terra aos animais? Ou seu pai, ou outro membro da equipe?

Brad Pitt e Bruce Willis

A complexidade da trama

Tudo isso é apenas o encanamento da trama. O que o filme realmente trata é sua visão. A decoração parece remendada com os escombros do século XX. Os cientistas ainda trabalham em laboratórios que parecem antigos cartões-postais da invenção de Thomas Edison.

Existem relativamente poucas cenas neste filme que pareceriam normais em qualquer outro filme; tudo é distorcido para expressar a visão. Mas mesmo aqui, Gilliam permite que o volante anárquico da loucura gire: o personagem Brad Pitt, vomitando visões compulsivas de paranoia e pavor, é uma influência poderosa, sugerindo que a lógica não pode resolver os problemas do filme.

Madeleine Stowe e Bruce Willis

E outros personagens – aqueles encarregados do mundo subterrâneo futuro, bem como os conspiradores em torno do personagem Plummer – comportam-se como vilões inspirados em uma fantasia de ficção científica de H.G. Wells.

A atuação exagerada ocorre em cenários bizarros, e começamos a compartilhar a confusão e a exaustão de Cole. Como ele, somos transportados para frente e para trás no tempo e jogados no chão de concreto da realidade.

Resumindo

O filme não é, no entanto, um thriller de ação simples. Muito do interesse vem da natureza do personagem Cole. Ele é simples, confuso, mal informado, exausto e cheio de sentimentos de traição.

Nada é o que parece – nem em seu mundo futuro, nem em 1990 e nem em 1996. E há outro fator, sugerido na cena de abertura do filme e confirmado no encerramento: ele pode já ter testemunhado o fim de a história. O enredo de 12 Macacos, se você acompanhar de perto, envolve um paradoxo de viagem no tempo. Quase todos os filmes de viagem no tempo fazem isso. Mas quem se importa? O que há de bom no filme é a maneira como Gilliam criou um universo que está contido em 130 minutos.

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Não se sinta intimidado, apesar de toda complexidade ainda estamos falando de um produto de Hollywood. Dito isso, existe diversão em todos os níveis. Bruce Willis brilha, sem dúvida um dos papeis de destaque na sua carreira. Você pode ficar um pouco desconfortável com a atuação de Brad Pitt, mas essa sempre foi o objetivo.

No total o filme recebeu 25 indicações e 11 vitórias, dentre elas, Brad Pitt recebeu sua primeira indicação ao Oscar e sua primeira vitória no Globo de ouro.

Fonte: Rogerebert.com e IMDB

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